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A FUNDIFRAN e Mulheres de Cocal participaram de Intercâmbio com A Rede Nhandereko, em Rio de Janeiro

No período de 16 a 20 de outubro, as representantes da Associação das Mulheres Batalhadoras do Cocal e Região (Ana de São José e Elisângela Reis) e a Coordenadora de Campo Bahia Produtiva/FUNDIFRAN (Cleidianne Rodrigues) participaram do Intercâmbio com a Rede Nhandereko de Turismo de Base Comunitária em Paraty/RJ, acompanhadas pelo técnico da coordenação de ATER da CAR, Vladimir Filho.

O intercâmbio foi uma premiação concedida pelo “Concurso Culinária Afetiva”, organizado pelo Governo do Estado, Bahia Produtiva/CAR/SDR, em parceria com a VP Centro de Nutrição Funcional. Na ocasião, prestadoras de ATER dos 27 territórios de identidade do Estado da Bahia participaram do concurso de culinária que buscou reconhecer nas ações em SAN (Segurança Alimentar e Nutricional) e o resgate cultural nas comunidades através das receitas tradicionais de cada região.

A experiência realizada com a Rede Nhandereko - iniciativa de Turismo de Base Comunitária do Fórum de Comunidades Tradicionais, formada por caiçaras, indígenas e quilombolas - ofereceu ao grupo, vivências dentro de comunidades tradicionais com foco no respeito ao modo de vida e ao meio ambiente, na geração de renda e na consolidação da luta em defesa do território tradicional. Sendo assim, o grupo teve oportunidade de visitar a Aldeia Indígena Pataxó Hã Hã Hãe, o Quilombo do Campinho, praias e ilhas da região, centro histórico de Paraty e a Comunidade Caiçara São Gonçalo, sendo guiados pelo representante da Rede Nhandereko, Vaguinho Martins.

Durante a visita foi possível conhecer o Centro Histórico, Patrimônio Nacional tombado pelo IPHAN e, desde 2019, Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. A região teve grande importância econômica devido aos engenhos de cana-de-açúcar. No século XVIII, destacou-se como importante porto por onde se escoava das Minas Gerais, o ouro e as pedras preciosas que embarcavam para Portugal. Porém, com a construção de um novo caminho da Estrada Real, desembocando diretamente no Rio de Janeiro, levou a cidade a um grande isolamento econômico. Em sua área encontram-se o Parque Nacional da Serra da Bocaina, a Área de Proteção Ambiental do Cairuçú, e faz limite com o Parque Estadual da Serra do Mar, sendo uma região cercada pela Mata Atlântica por todos os lados.

Os quintais são um tipo de sistema agroflorestal que apresenta íntima associação entre diversas espécies de uso múltiplo, com cultivos anuais e perenes, no terreno próximo à moradia e cuja mão-de-obra é familiar. Na oportunidade, foi possível observar uma diversidade de espécies da mata atlântica como palmito juçara, palmito pupunha e palmito açaí, plantas ornamentais, frutíferas e conhecer as ferramentas e métodos para manejo e manutenção dos quintais. Nesse momento, também foi possível entender o movimento de formação do fórum de comunidades bem como compreender a história da formação e importância da Rede Nhandereko.

Na visita à Aldeia indígena Pataxó Hã Hã Hãe foi possível conhecer a praia e cachoeira do Iriri e entender sobre a história de ocupação do território. Os Pataxós são originários do Sul Baiano, mas parte da etnia vive hoje em Paraty, tendo na aldeia uma loja de artesanato e espaço para realização de rituais, que garantem a geração de renda do grupo.

Na visita ao Quilombo do Campinho foi possível a conhecer a história da comunidade, visitar os núcleos familiares e conhecer a culinária local. O quilombo foi fundado por três mulheres, que foram escravizadas no século XIX e praticamente todos os moradores da comunidade são descendentes de uma dessas três mulheres. O Turismo de Base Comunitária fortaleceu a estrutura de desenvolvimento local sustentável e hoje, o grupo faz a autogestão do Restaurante do Quilombo, empreendimento comunitário gerido sob os princípios da Economia Solidária.

Durante a viagem de intercâmbio foram feitas visitas ao processo de fabricação de cestos, balaios e chapéus utilizando cipó e visitas às praias de São Gonçalo, São Gonçalinho, Tarituba, Ilha do Cedro e Ilha do Pelado, conhecendo neste último, a história de uma família caiçara que resistiu em continuar na ilha onde fazem a gestão de um restaurante familiar abastecido com pescado, marisco e hortaliças da comunidade local.


“Gostei muito do intercâmbio em Paraty, desde a viagem até os passeios e a estadia. O que mais me chamou a atenção foi a preservação da natureza naquela região; e como as comunidades se unem para lutar para que eles mesmos contem a história de seus povos...os filhos aprendem com os pais; os pais aprenderam com os avós. O que ficou como lição é que nós devemos nos unir para lutar pelos nossos direitos e não deixar que as pessoas de fora tomem o nosso território”. (Depoimento Ana de São José – Representante da Associação das Mulheres Batalhadoras do Cocal e Região, município de Brotas de Macaúbas/BA).

“O intercâmbio foi uma experiência incrível para conhecer a história das comunidades tradicionais daquela região e sua organização para defesa e permanência no território. Com a vivência do turismo de base comunitária e a troca de saberes, retornei com algumas ideias para tentar colocar em prática na associação e com a comunidade. Na associação, buscar a melhoria da produção e na comunidade, tentar criar uma rede com as associações existentes para reivindicar benefícios para nossa região, através do poder público municipal e das empresas que estão chegando ao nosso território, explorando sem deixar maiores benefícios”. (Depoimento Elisângela Reis – ACR da Associação das Mulheres Batalhadoras do Cocal e Região, município de Brotas de Macaúbas/BA).

 “O intercâmbio do Turismo de Base Comunitária com a Rede Nhandereko foi bastante enriquecedora pela troca de experiências com as comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas e caiçaras) que desenvolvem o empreendedorismo sustentável através da valorização da sua cultura local, fortalecendo sua arte, sua culinária e seus costumes locais, e reforçam a história de luta e resistência dos povos que defendem o seu direito de existir nos territórios originários e a conservação da biodiversidade local”. (Depoimento Cleidianne Rodrigues – Coordenadora de Campo do Programa Bahia Produtiva/ FUNDIFRAN)

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