A FUNDIFRAN REALIZOU ENCONTRO DE AVALIAÇÃO NO ENCERRAMENTO DO PROJETO CISTERNAS
- Equipe FUNDIFRAN
- 7 de jun. de 2019
- 5 min de leitura
Nos dias 31/05 e 01/06/2019, a FUNDIFRAN realizou no auditório do antigo Ponto de Cultura Tarrafa Cultural, o Encontro de Avaliação do Projeto Cisternas, envolvendo representantes de comissões dos municípios beneficiados, beneficiários/as das tecnologias sociais, representantes de sindicatos e demais parceiros, além da equipe da instituição executora.

Após a apresentação dos participantes, Pedro Patrocínio e Cléber Eduão (FUNDIFRAN), apresentaram a programação do encontro e a metodologia utilizada para o processo de avaliação do projeto. Na sequência, foram distribuídos os kits de materiais para os participantes, contendo folder institucional, calendário institucional 2019, a primeira edição da Revista Sertão Chico sobre o Projeto Cisternas e o Caderno de Formação n. 2 – Manejo Alimentar e Nutrição Animal, elaborado por Saulo Amorim Ramos e Alexandro de Souza Teixeira, utilizado em cursos de capacitação e intercâmbios do projeto.
Dermeval Gervásio de Oliveira, Coordenador Operacional da FUNDIFRAN, responsável pela elaboração e acompanhamento do projeto cisterna desde o início, fez uma apresentação institucional, destacando os quase 50 anos de trabalho da FUNDIFRAN na região do Vale do São Francisco. Lembrou que a missão da instituição é “promover o desenvolvimento integrado e sustentável das comunidades da Bacia do São Francisco, contribuindo com serviços de assessoria e capacitação tecnológica e gerencial, planejamento e pesquisa, no aperfeiçoamento de capacidades das organizações e movimentos sociais, tendo como enfoque a educação ambiental, cultural e gênero, em vista do exercício da cidadania e da qualidade de vida”. Dermeval destacou também como a entidade está organizada atualmente, com escritório-sede em Ibotirama e escritórios de apoio em Bom Jesus da Lapa, Barreiras e Santa Maria da Vitória. Ressaltou o trabalho desenvolvido pela FUNDIFRAN na década de 70, voltado principalmente para produção comunitária, fundo rotativo, formação profissional, saúde preventiva e curativa e apoio às vítimas de enchentes; que na década de 80 apoiou aos sindicatos rurais e à luta pela posse da terra/reforma agrária na região, dando assessoria aos assentamentos Retiro da Picada, Riacho dos Porcos, Rio das Rãs, Boa Vista do Procópio, Ilha de Fora, Nova Conquista e Fundos de Pasto, dentre outros; na década de 90 realizou importantes campanhas em prol do meio ambiente, gênero e educação do campo; na década 2000, seguindo um viés agroecológico, reforçou o trabalho de convivência com o semiárido, assistência técnica rural para agricultores/as familiares e implantação de tecnologias sociais de captação de água da chuva.
Nesse último quesito, Dermeval lembrou que com o Projeto Cisternas, de 2014 a 2019, a FUNDIFRAN conseguiu concluir a implantação de mais de 770 tecnologias sociais, entre cisternas de consumo, cisternas de produção e barreiros trincheira, beneficiando os municípios de Morpará, Muquém do São Francisco, Tabocas do Brejo Velho, Wanderley e Ibotirama.
Cléber Eduão apresentou rapidamente o relatório de atividades da primeira etapa do Projeto Cisternas, coordenado por Paulo Alberto. Foi lembrado que o Projeto é uma das ações do Programa de Convivência com o Semiárido da FUNDIFRAN, executado em parceria com a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social do Governo do Estado; a Secretaria de Desenvolvimento Rural do Governo do Estado; e o antigo Ministério do Desenvolvimento Social do Governo Federal.

“A Cisterna de Consumo é uma tecnologia social com capacidade para armazenar 16 mil litros de água potável; a Cisterna Calçadão, além de fornecer água para as pequenas criações, potencializa a produção de alimentos nos quintais, tem capacidade para armazenar 52 mil litros; e o Barreiro Trincheira Familiar é construído por escavadeiras hidráulicas e tem capacidade para armazenar 600 mil litros de água”, destacou Pedro Patrocínio, atual coordenador do Projeto. Pedro lembrou também que no processo de implantação das tecnologias, foram realizados cursos de capacitação, sendo o primeiro voltado para a Gestão da Água para Produção de Alimentos e o segundo voltado para Manejo da Água para Produção de Alimentos. O projeto garantiu também a realização de intercâmbios de experiências entre os/as beneficiários/as, que se configura como mais um processo de capacitação.
Dentre os principais desafios relatados pela equipe da FUNDIFRAN, foram destacados: orçamentos defasados, demora nos repasses financeiros, conjuntura política desfavorável para o avanço das ações do projeto (cortes no programa) e falta de continuidade de ações voltadas para as famílias beneficiárias (ATER).
Na segunda parte do encontro, os/as participantes foram divididos em 4 grupos. Cada grupo avaliou o projeto, com base nos seguintes pontos: 1) Participação das Comissões Municipais na implantação do Projeto; 2) Infraestrutura disponível pela FUNDIFRAN para execução do projeto; 3) Cadastramento e seleção das famílias beneficiárias; 4) Reuniões de mobilização; 5) Realização dos Cursos de Capacitação e Intercâmbios; e 6) Processo de implantação das tecnologias.
Sobre o processo de construção das tecnologias, o Grupo 1 (formado pelos beneficiários Márcio, Luzia, Euládia, Zenon, Mª de Fatima , Odaiza, Manoel e Edinalva) ressaltou:
“Foi ardo o trabalho, porém, as equipes de pedreiros foram bem divididas. Os pedreiros escolhidos foram pessoas compromissadas e fizeram um trabalho bem feito. Não fazia hora com o trabalho, descansava um pouco apenas na hora do almoço. Os kits entregues pela FUNDIFRAN foram mais um grande incentivo para melhorar a nossa produção. A construção foi bem cansativa, mas valeu a pena as horas trabalhadas”.
Com relação a realização de cursos e intercâmbios, o Grupo 1 destacou: “os cursos foram muito proveitosos e aprendemos várias práticas importantes para nos auxiliar nas nossas produções. Os conteúdos estavam dentro da nossa realidade e foi passado de maneira clara e objetiva. O professor foi muito esclarecedor, transmitindo as informações de maneira simples e de boa compreensão. A carga-horária foi boa e seguiu a lógica de deslocamento dos grupos. O local atendeu as nossas expectativas e os materiais didáticos foram bem elaborados para servir de apoio a produção. Os métodos foram bem claros e informativos e trocamos varias idéias que fortaleceram o grupo [...] os intercâmbios foram enriquecedores, conhecemos na prática diversas formas de produzir em convivência com o semiárido. A FUNDIFRAN escolheu locais que nos mostrou práticas bem interessantes”.

O Grupo 4 avaliou que “todas as reuniões que o grupo participou foram boas e que os beneficiários foram avisados com antecedência. Os cursos e intercâmbios realizados foram voltados para a realidade de cada comunidade, com mediadores dinâmicos. As tecnologias construídas foram de boa qualidade, com kit produtivo muito bom. A maior dificuldade de alguns beneficiários foi o atraso na construção da tecnologia, devido ao período de chuvas”.
Mesmo diante dos desafios enfrentados pela equipe, beneficiários e demais parceiros envolvidos, o Projeto Cisternas é uma ação importante, construída em conjunto com diversas outras instituições ligadas a Articulação do Semiárido Brasileiro – ASA. Essa articulação tem garantido a construção de milhares de tecnologias sociais em todo o Nordeste, contribuindo assim para que os/as agricultores/as tenham acesso a água de qualidade e garantia de segurança alimentar, além da melhoria da renda familiar.
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